quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

O Câncer tem nome no Brasil: PMDB. [por Cazzo Fontoura]

Parece mesmo que, depois de oito anos de Poder, nada se resolveu quanto às convicções políticas, de práxis, do Partido dos Trabalhadores. Ou pior, na instância majoritária, não há impasse algum, tudo bem resolvido: fazem-se providenciais alianças, transfere-se renda aos pobres, adota-se uma ou outra cota aqui e ali e tem-se a impressão de que, diferente da Era FHC, nunca antes na História deste país viu-se tanto crescimento.

A deslavada mentira publicitária do governo que tende a se alastrar por mais quatro anos é tapa agressivo, sem veludo, se se deixa de lado números absolutos e estatísticas grosseiras, e se toma como referência as desprezadas e até inexistentes mudanças no contexto social (saúde, educação, saneamento básico, reforma agrária são alguns exemplos). Porém, se há boa vontade por parte de petistas em buscar mínimas e efetivas ações que concretizem algum traço nítido de cidadania para o país, saibamos que tal vontade esbarra no câncer que há décadas o Brasil alimenta em suas entranhas: o PMDB.

Dilacera a vida política brasileira um câncer muito maior do que este que teima vivo no sobrevivente José Alencar. Basta que se faça um desagradável passeio por dentro deste Partido e logo se percebe os estragos que se perpetuam no país: José Sarney, Michel Temer, Renan Calheiros, Moreira Franco. E cá em nossas bandas três nomes que bem ilustram o viés político que nos aflige: João Henrique, Alfredo Mangueira, Geddel Vieira Lima.

Para um tradicional esquerdista, na estadia do PSDB no Planalto, era um tanto óbvia e esperada a aliança com o PMDB, pois, o raciocínio lógico determinava tais partidos como defensores da política neoliberal. Mas quando é chegada a hora do PT no Poder, e tomando, a priori, medida preventiva e providencial de ter o tal câncer como aliado para ser maioria no Congresso, o pobre amante do Che Guevara avaliou nisso estratégia fundamental para a conclusão dos projetos de melhoria real do povo brasileiro. Só que o resultado da aliança foi uma medida paliativa transformada em programa de governo: o Bolsa-Família deu poder de consumo a pessoas de baixa renda, sem, no entanto, lhes beneficiar, como é de direito, o mínimo em aspectos básicos de sobrevivência.

E assim se não há como por em prática o que outrora dedo em riste criticava-se apontando erros e teorizando os caminhos, sobrou o dispensável, autoritário e prejudicial personalismo trabalhado sobre a imagem do Lula. E fora de tamanha proporção a feitura do mito que só não se pensou em dar ao Brasil cheiro de constantes reeleições venezuelanas porque haveria imprensa suficiente para impedir tal escárnio. Na intenção de não tirar as mãos do Governo, ainda que sem carisma, Dilma Rousseff chega ao Poder, carregada por Lula sim, porém devidamente apoiada pela nova e mais contundente estratégia desde então adotada: Michel Temer como vice-presidente é mais do que um elevado cargo executivo, é a cúpula do PMDB no efetivo comando político da nação.

E sua voz, a relevância de seu partido neste cargo, nem chegamos a uma semana de governo, já ressoa incisiva nos bastidores do Planalto e do Congresso. Peemedebistas demonstram insatisfação com a distribuição dos Ministérios, acusando concentração de importantes pastas nas mãos do PT. Diante dessa gritaria, o ilustre Vice (ainda presidente do PMDB, apenas licenciado da presidência) convenceu nossa Presidenta a nomear o segundo escalão de governo apenas em fevereiro, buscando, sem dúvidas, uma fatia mais densa do bolo para seu partido. E como é bem típico do câncer que nos assola, os parlamentares insatisfeitos iniciam debates a respeito do aumento do salário mínimo, questionam e até avaliam possibilidade real de um reajuste mais significativo. A diferença é que o questionamento é um modo eficiente de pressionar o Governo e ter suas demandas de cargos atendidas. Uma vez atendidas arquiva-se os acalorados debates referentes a salário mínimo ou coisa que o valha.

Havemos de passar mais quatro anos assistindo práticas irrelevantes para a vida pública por parte de um Governo muito mais preocupado em conter os embates internos, tentando amenizar as insatisfações do PMDB (que, se como aliado já existiam, agora, como parte do Poder Executivo tendem a brotar em cada esquina do Congresso) nessa incansável, paliativa e inglória busca de manter-se maioria entre deputados e senadores, com olhos, bem sabemos, ninguém mais se pasma, nas eleições de 2014.

Dias atrás, conversando com Chicão, professor de Geografia (que é também meu primo de elevadíssimos graus), ele me disse que pouco acreditava na eficiência insistentemente salvacionista adotada pelos minúsculos partidos de esquerda. Vi razão nas suas palavras e afirmei que eu estaria com o PT, enquanto governo, se relevantes questões de cidadania não fossem segundo, terceiro ou quarto plano, se não fosse prioridade as inescrupulosas alianças dos seguidos mandatos do presidente Lula e a atual promiscuidade pública de termos Michel Temer como vice-presidente do Brasil. E eis que meu primo distante, tempestivo, me aniquila: “Mas sem essas alianças seria impossível.” Pois bem, se a saída então é não haver saída, isso me faz voltar à lembrança uma característica frase que meu amigo Ricardo costumava proferir diante de situações de absoluto impasse: “Ou dá o cu ou cai na pica”. A diferença abismal é que o próprio Ricardo achava, lá ele, alguma solução: “Melhor é cair na pica... que dá pra cair de lado, de barriga...”

2 comentários:

  1. Bom dia Cazzo,

    Nesta casa virtual, nada se cria tudo se copia. Melhor voltar ao esporte, fazes com mais propriedade e, sobretudo, originalidade.

    Plínio, plagiador profissional.

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  2. O câncer PMDB (filho do MDB, do acordo democrático ditatorial, ainda sem o acréscimo do P fundamental da Putaria, comum a tantos outros canceres partidarios da enrolação eleitoral) dessa vez, veio com o remedio junto: o bom-bom da vice-primeira dama!
    Além da diversão já garantida pelo Tiririca o Congresso agora vai nos oferecer outros atrativos. Viva o espetáculo da democracia!
    "Cheguei num dia bom!" Tiririca chegando no Congresso no dia do AUMENTO dos nossos pobres parlamentares. jejeje
    Bom texto!

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